Thursday, May 04, 2006

Os desperdicios de Freud

Estamos a comemorar os cento e cincoenta anos do nascimento de Freud.
O homem que mais se terá divertido a observar outros homens.
E que nos proporcionou, a nós também, o melhor divertimento que alguma vez teria sido imaginar. Desmontar gente que parece séria como se bricássemos com um lego.
Freud, pelo gozo que se dignou proprcionar-nos, será eterno. Veio para ficar e vive, efectivamente, entre nós. A partir dele ,bem ou mal, com maiores ou menores desvios e deturpações um novo léxico se tornou uma conquista comum.
"Freudiano" na linguagem popular é algo que não prenuncia nada de bom.
Confuso, quase inexplicável, original,contraditório, imperceptivel, etc
Ora o seu êxito é grande porque é esse o mundo em que vivemos.
Não por culpa de Freud, evidentemente, que está completamente inocente,mas dos responsáveis por aquilo em que o mundo se transformou.Que teriam, sempre, completado as suas tarefas tivesse Freud existido , ou não.
Dele apenas herdámos os conceitos, que hoje nos permitem os mais deliciosos exercícios.
O mundo actual pertence a Freud. É um lugar de conflitos mal resolvidos que perseguem as pessoas como fantasmas.E portugual não é excepção . É a regra.Cavaco/Soares. Saares /Alegre. Soares/Zenha. Soares/Eanes.Sócrates/Alegre. Portas/Manuel Monteiro.Pacheco Pereira/Cunhal.Meneses/Rio. Zita/PCP.Marcelo e os outros.
A lista é interminável. A descrição destes conflitos daria uma publicação mais extensa que qualquer enciclopédia.Com a vantagem de a sua leitura, por conter uma espécie de enredo pseudo policial com conotações de ficção cientifica, poder ser mais suportável . E até aliciante.
Vale a pena assentar-lhes o o microscópio freudiano e observar estes espécimes em todo o seu esplendor.
Porque se Freud tivesse vivido a vida política portuguesa a sua obra conteria seguramente mais uma dezena de volumes dada a excelência do material.
A nossa política desenrola-se toda ela em obediencia a um guião escrito à base da grande comédia Freudiana. São complexos, pulsões, projecções, , negações, transferências, sublimações, egos destruídos, super egos avariados, medos de rejeiçao,narcisismos, histeria, uma luta constante entre os pricipios do prazer e da necessidade com a a libido sub repticiamente a comandar tudo. E muito, muito mais.
Quase todos os nosso politicos veneram as figuras parentais às quais dedicam a sua ambição e correm para o telefone a dar-lhes a grande novidade , quando alguém se lembra deles para ministro, secretário ou sub secretário de estado.
Os mais modestos já se sentem gratificados com um lugarzinho de director geral ou aministrador de instituto público.
Entre nós todos os políticos e candidatos a políticos têm por definição (ou maldição) um ego que deixaria Freud completamente gago.Ou gágá.
Nos seus tortuoso labirintos acabam todos como escravos do princípio do prazer porque sabem que o tempo político é curto , o esquecimento uma fatalidade e a morte (obsessão permanente) uma realidade.
Um conceito que estranha não afecta os nossos políticos é a ideia de culpa. A forma como se tornaram peritos em projecções(atirar para cima dos outros as suas fraquezas debilidades e erros)imunizou-os contra esse mal . A culpa. Complexos também não têm. Nem terrores nocturnos. Nem angustias.
Em compensação são ultra obsessivos.
Graças a eles Porugal é um gigantesco divã de psicalista onde todos estamos deitados numa rebaldaria verdadeiramente Freudiana.
Antes de Freud diriamos que isto era um monumental manicómio. Agora é outra loiça.
Obrigado Sigmund e aqui fica a nossa modesta homenagem.

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